quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Durante a noite as palavras surgem

como gotas de suor após o pesadelo. Procuro
a tua voz, os teus dedos apaziguadores e
a pele que, de tão quente,
me faz renascer.

mas quem eras não está mais aí.

Tudo aquilo que possas dizer já foi dito e
nas mãos apenas existe esterilidade
frio sem rumo e
só a distância se torna sólida.

há terra a escoar em ambos os sentidos:
tinhas o meu olhar ali, tão perto que queimava
as opiniões que um dia pudesses vir a formar.

assim, à noite, apenas resta acordar em sobressalto,
vociferar inúmeros rostos dos quais já não sei
o nome
e permanecer acordado, sem que a tua mão
recaia, docemente, sobre as feridas
que já não curas."

Sérgio Xarepe

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